sábado, 3 de janeiro de 2009

DA MONARQUIA À REPÚBLICA

SOBRE AS ORIGENS DA REPÚBLICA

A historiadora Emília Viotti afirma que as razões consagradas tradicionalmente em nossa historiografia não são suficientes para dar conta do processo que resultou na superação da monarquia e conseqüente instalação da República no Brasil. Segundo ela, faltam estudos sistemáticos e de conjunto sobre a questão e as versões tradicionais continuam repetidas nos manuais didáticos.
A proposta de um revisionismo historiográfico em que se discuta a qualidade das fontes selecionadas para a elaboração do discurso (documentos testemunhais) e o tipo de leitura que se pode realizar em função dos limites pertinentes à natureza de tais fontes
As primeiras versões apresentadas pelos monarquistas que consideravam a República um ato de insubordinação e revanchismo, e pelos Republicanos, necessárias correções de vícios, estavam eivadas de ressentimentos derivados de antagonismos entre tais grupos.
Abandonando as versões subjetivas dos testemunhos, procuram os historiadores explicar a queda da Monarquia pela inadequação das instituições vigentes ao progresso do país. E, desse modo, inaugura-se nova perspectiva de abordagem do episódio . É nesse particular que reside a contribuição da autora: fazer uma releitura do episódio com mudança de enfoque, promovendo reparos nas versões até então elaboradas e, assim, estabelecer novos parâmetros para a compreensão do processo de construção do projeto republicano no Brasil .
Após examinar, ponderar e expurgar os excessos da argumentação tradicional das alegadas questões: da abolição, militar e religiosa, estabelece o que na sua visão seriam os verdadeiros pressupostos para a eclosão do movimento republicano: as contradições entre os diversos interesses de grupos econômicos distintos; a distância das províncias em relação ao centro do poder e, por fim, a dificuldade de acomodação política das novas forças econômicas (muito condicionadas pela nova ordem econômica mundial então vigente) que acabaram por arrastar o regime monárquico a um nível de inércia que o inviabilizou definitivamente como projeto de governo. Enfatiza, ainda, a necessidade de atualizar o discurso historiográfico em razão dos novos horizontes da historiografia, o que, segundo defende Emilia, ajuda a ampliar o campo conceitual do historiador.

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